Depressão Fora de Hora



      Recentemente, a atriz americana Gwyneth Paltrow revelou que, depois do nascimento de seu segundo filho, Moses, não conseguia se conectar ao bebê nem sentir nenhum tipo de emoção. Quem a ajudou a identificar o problema e procurar o médico foi seu marido Chris Martin, vocalista do Coldplay. Dessa maneira, ela pôde compreender que tinha uma doença conhecida como depressão pós-parto. Com o tratamento correto, a alegria da maternidade voltou.
Muitas mulheres passam pela mesma situação vivida pela atriz, porém sofrem caladas. Isso acontece porque não é fácil admitir que se tenha o problema. O nascimento de um bebê é visto sempre como sinônimo de felicidade. E sentir algo diferente disso traz remorso e culpa.
Segundo o ginecologista do Departamento de Ginecologia, Mastologia e Obstetrícia do Hospital Bandeirantes, Eliseu Tirado, a depressão pós-parto é um distúrbio de comportamento com diversos índices de intensidade. “Existem mulheres que sofrem de depressão antes de engravidar. Mesmo com acompanhamento profissional, podem chegar ao puerpério (período após o parto) e serem atingidas pela patologia, e há aquelas que não apresentavam nenhum quadro da doença antes de engravidar e também sofrem”, explica.

Prevenção, causas e tratamento
Durante a gravidez, a mulher passa por muitas transformações, tanto físicas quanto psicológicas. Por isso, ter uma gestação tranquila, com um pré-natal adequado pode ajudar a prevenir o transtorno. Devido à intensa alteração hormonal desse período, ela poderá surgir trazendo sintomas, como tristeza, irritabilidade, cansaço, insônia, perda de apetite, ansiedade, entre outros.
É importante ressaltar que nem toda tristeza caracteriza-se como uma depressão de fato. É comum que, logo após o nascimento do filho, a mãe passe por uma fase conhecida como baby blues. Caracteriza-se por uma melancolia aparentemente sem motivo, uma vontade de chorar junto com o bebê. Acontece, na maioria das vezes, até o quarto dia do nascimento e dura poucas semanas. “Conforme o organismo restabelece o equilíbrio hormonal e a mulher se adapta à nova fase, ela desaparece”, complementa Dr. Eliseu.
Já a depressão pós-parto, por ser um quadro mais grave, requer tratamento com terapia, exames e medicamentos, que podem ser usados mesmo no período da amamentação (mas só um médico está autorizado a receitá-los). O apoio familiar também é muito importante
para que a mulher consiga superar essa fase.


Eles também sofrem
A depressão pós-parto não atinge apenas as mulheres. Um em cada quatro homens que têm filhos pode apresentar o distúrbio entre o terceiro e o sexto mês de idade da criança, de acordo com um estudo publicado na revista científica “Journal of the American Medical Association”. As causas mais comuns para o surgimento do transtorno neles são: parceira com depressão pós-parto, estresse, preocupação com o sustento da família, sentimento de rejeição pela mulher, dificuldade para lidar com o turbilhão de emoções que surgem nessa fase, etc. Se sintomas como falta de apetite, distúrbios do sono, sentir-se um péssimo pai, ansiedade, perda da libido e fim do interesse pelas atividades cotidianas persistirem por mais de um mês, é aconselhável procurar ajuda médica.

Fonte: Revista Ponto de Encontro da Drogaria São Paulo

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